Redes Assaí, Shibata e Alabarce movimentam o comércio e o mercado de trabalho e acirram disputa pelo consumidor

15 de Outubro de 2022 – O Diário de Mogi

Matéria completa retirada no site www.odiariodemogi.net.br

2022 caminha para ficar conhecido, no futuro, como o ano ainda sob o espectro da pandemia, em que Mogi das Cruzes viu construir e abrir um atacarejo e dois hipermercados em regiões estratégicas na geografia do crescimento urbano, com destaque para o pioneirismo desse nicho ao chegar à região  da Mogi-Bertioga, entre a Vila Moraes, Porteira Preta e Oropó – onde chegou a quinta loja do Alabarce;  e o Mogilar e a Vila Industrial, bairros com vias de passagem importantes e proximidade com o anel viário, que receberam o terceiro Assaí, e o novo Shibata. 

Em nenhum dos três empreendimentos, os responsáveis divulgaram os investimentos em obras, contratações e operação das lojas, mas, estima-se, nos bastidores do setor de mercados, cifras milionárias em cada um.

Só em área de vendas, o trio que acirra a disputa pelo consumidor e o pequeno e médio comerciante soma 16 mil metros quadrados – e, ainda alavanca outros negócios – como farmácia, barbearia, perfumaria, roupas e calçados, chaveiro, massagista, lanchonete e restaurante, um mix de empreendimentos fadados a gerar emprego, renda e impostos.

Entre os impactos das atividades das três bandeiras, num intervalo de apenas 5 meses, está a ebulição do mercado de trabalho local, que definhou com a crise sanitária, mas já reage (não como se desejaria, é verdade). Mais de 600 postos de emprego direto foram criados, ainda que a unidade do Shibata tenha absorvido os funcionários da antiga, localizada a alguns metros de distância da novata.

A decisão por Mogi das Cruzes, atesta o presidente do Sindicato do Comércio Varejistas (Sincomércio), Valterli Martinez, é pautada por pesquisas de mercado que aliam o potencial de compra do mogiano, a expansão populacional dacidade e o comportamento do consumidor que elege o atacarejo como o destino para compras.

Pertinente rememorar que o PIB, índice que rege a riqueza de um lugar, lista Mogi no destacado 20º lugar entre as 654 cidades do Estado de São Paulo, e 64º entre os mais de 5,4 mil municípios brasileiros, com renda per capita de R$ 36.381,54 (IBGE/2019).

“Quem investe em um hipermercado ou atacarejo aposta em endereços que irão dar os resultados. Há muito planejamento nisso”, diz Martinez, afirmando que a chegada e expansão das lojas – no caso do Alabarce e Shibata, que são de famílias mogianas, servem para estimular outros negócios de pequeno e médio porte, além da concorrência na disputa pelo comprador que revenderá os itens em bairros e outras cidades.

É um movimento positivo para a economia. Porém, Martinez lembra que esses investimentos (de grandes redes), merecem atenção dos pequenos mercados, que também estão surgindo, e “terão de apresentar diferenciais para cativar os clientes” porque a competição com os preços ao consumidor final fica comprometida.

Sobre isso, ele destaca que a capacitação dos comerciantes e a escolha e pontos favoráveis para a abertura de negócios está no radar de cursos promovidos por entidades como Sincomércio e o Sebrae.

Essas lojas refrigeram um setor que tem, segundo o Sincomércio, mais de 1,3 mil estabelecimentos no Alto Tietê, e atrai, sobretudo para Mogi, comerciantes de cidades menores, que não dispõem destas redes em suas cercanias.

Esses números (veja quadro) confirmam a soberania de Mogi: dos 1,3 mil mercados e supermercados, mais da metade, 839 tem CEP mogiano.

Fádua Sleiman, presidente da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC) pondera que a chegada desses investimentos reafirma o potencial de compra de Mogi das Cruzes e uma volta à normalidade, após as perdas que o setor comercial enfrentou desde 2020, marco inicial da pandemia. 

Fádua lembra que há eixos de crescimento da cidade que deverão registrar uma expansão comercial. A localização do Alabarce, em uma área ainda desprovida desse tipo de comércio, exemplifica ela, se deve à projeção do crescimento para a região. Ela projeta que a chegada de um empreendimento desse porte e a abertura de serviços, como escolas públicas, irá motivar o surgimento de um novo polo de vendas e serviços na região na Mogi-Bertioga. Já o atacarejo, da bandeira Assaí, pontuou a líder, move a cadeia de compras aonde está o pequeno comerciante e as compras no comércio local, uma das bandeiras de atuação da ACMC.

Nasce um novo eixo comercial

Em uma região de passagem dos turistas a caminho do litoral, a quinta loja do Alabarce, rede criada em 1994 pelos filhos de Valéria e Nildo Alabarce, marca o pioneirismo do endereço, ao lado da rodovia Mogi-Bertioga, que começa a mudar com a ocupação de condomínios existentes entre bairros como a Porteira Preta e a Vila Moraes, além do adensamento dos distritos de Taiaçupeba e Biritiba Ussu.


Desde junho, quando abriu, a loja tem recebido muitos consumidores que antes se distribuíam pelos outros grandes mercados da cidade.
Em uma área de 4,5 mil metros quadrados de venda, e mais de 25 mil itens, o empreendimento gera 200 dos mil empregos diretos mantidos pelo grupo familiar, com endereços no Centro, Braz Cubas, Nova Mogilar e Vila Oliveira.

Nesses locais, centenas de outros empregos são gerados em negócios movimentados em lojas comerciais e prestadores de serviços, confirmando tendência de oferecer uma experiência de compra em um só endereço. No novo Alabarce são 18 lojas nesse modelo, além de 20 caixas de atendimento e 2 de autoatendimento e 250 vagas para carros. 

A terceira loja do Assaí foi construída no mesmo imóvel conhecido pelos mogianos, onde as marcas Shibata e o Extra funcionaram no passado.

O atacarejo mogiano inspira-se em um novo modelo desse segmento, com novidades que pretendem “conquistar” o cliente, diferenciando-se das lojas mais antigas. Açougue e o setor de frios, com a possibilidade de fatiar as peças, foram um item assertivo e observado pelos primeiros consumidores, como reportagem do site de O Diário trouxe na quinta-feira (13).

Em uma estrutura construída em tempo surpreendente – 240 e poucos dias, a unidade não deve limar a mais antiga, também no Mogilar, segundo José dos Santos Novaes, diretor do Assaí. A unidade divulga a abertura de 500 vagas diretas e indiretas. O atacarejo possui 6,5 mil metros de área de venda, 300 vagas no estacionamento e maior espaço entre os corredores – um senão apontado por consumidores da rede. O grupo estaria de olho em prospecções para a quarta loja em Mogi, segundo apurou O Diário. Aliás, César de Souza é área cotada para futuros mercados. 

Grupo de Mogi segue em expansão

Da primeira loja aberta, o carinhosamente chamada de ‘Shibatinha’, a família do patriarca Masonosuke Shibata viu crescer uma empresa familiar que hoje está em cidades do Alto Tietê, Vale do Paraíba, Litoral e São Miguel Paulista, e possui cerca de 5,2 mil colaboradores. São 28 lojas com a bandeira do grupo que possui marcas próprias e nome robusto nesse meio.

A mais nova loja construída na Vila Industrial substituiu a antiga, no mesmo endereço, e marca os 46 anos de fundação da empresa.

Com um mix de produtos e serviços (barbearia, restaurante, chaveiro, lojas, etc.), o prédio possui 5 mil metros quadrados de área construída, 31 caixas e 4 serviços de autoatendimento, além de 400 vagas de estacionamento – grande parte coberta.

Entre a região mais centralizada (Vila Industrial, centro e Vila Rubens) e Braz Cubas, a localização é ponto forte, somada à tradição do comércio familiar que, mesmo após ter permanecido anos sem atuar na cidade, por força do contrato após a venda de unidades ao Grupo Pão de Açúcar, voltou com apetite para o mercado onde tudo começou. 

Emprego no azul

Não contam apenas as contratações diretas e indiretas movimentadas pelos três grandes mercados de atacado e varejo abertos em Mogi das Cruzes em 2022, mas a assinatura das carteiras de 600 a 700 trabalhadores contratados ou recontratados pelo Assaí, Alabarce e Shibata deverá melhorar a performance do emprego neste segmento, em Mogi das Cruzes.

Em projeção mais favorável para o setor, aponta Fádua Sleiman, da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, com o reaquecimento da economia e a abertura de novos negócios, como o segundo shopping de Mogi (Urupema Patteo), seria de se ampliar entre 10% e 15% a base de pessoas contratadas nos próximos dois anos. 

Até junho, afirma Valterli Martinez, do Sincomércio, a conta já estava favorável, quando se compara com os dois anos anteriores, quando o setor amargou o fechamento de mais de 3,2 mil postos de trabalho durante a pandemia. 

Esses postos fixos, além dos temporários para o final do ano, deverão calibrar o setor e movimentar a economia, em um efeito dominó. Fádua Sleiman projeta 700 novos empregos conquistados neste ano, no comércio de alimentos para atacado e varejo.

Ela aponta, aliás, que o setor poderia ter mais gente contratada, porém, enfrenta, severamente, dificuldades para a manutenção das pessoas no emprego. “Não é exclusividade de Mogi, mas temos um problema grande no Brasil: a mão de obra escassa e muitas pessoas cumprem seis, sete meses de trabalho e deixam os postos”. Alternativa que tem sido aposta, ilustrou, é a contratação de profissionais com mais de 50 anos, que costumam permanecer mais tempo contratado.

Positivo

Um outro dado a ser monitorado resulta de pesquisa do setor que demonstra que 41% dos comerciantes acreditam que as vendas serão melhor neste final do ano, na comparação com 2021, e a disposição de 15% deles em contratar temporários para o período.